O surgimento do COVID-19 definitivamente abalou nossas estruturas. Nosso amado país está sofrendo não por causa do vírus, mas devido as décadas de desleixos e ações fraudulentas. O esporte, a política e a mídia nos dividem magistralmente. Queremos verbalizar nossas frustrações e anseios. Quando o fazemos nos deparamos com os efeitos da divisão em nossa própria pele. Brigamos uns com o outros, como se fossemos inimigos mortais, a fim de defender dirigentes, políticos e jornalistas. Triste realidade que me envergonho de fazer parte, mas não sei como escapar desta arapuca. O futebol que nunca foi bem gerido no Brasil, sofre pelo descaso e avareza que norteia o coração de quem comanda essa indústria bilionária. A política brasileira sempre esteve mais ocupada com apadrinhamentos e negociatas. O jornalismo, bom o que sobrou dele, segue metendo os pés pelas mãos numa sucessão de lambanças maldosas e sem fundamentação jornalística. Estamos testemunhando dias difíceis no âmbito esportivo, político e midiático.
O futebol brasileiro gerido pela Confederação de Futebol do Brasil (CBF) por anos vive numa poça de corrupção. Atualmente tem um ex-presidente (José Maria Marin) preso, um (Ricardo Teixeira) tomando todo cuidado e vivendo fora do alcance do radar e outro (Marco Polo Del Nero) que não aceita uma viagem com tudo pago para Disneylândia. A corrupção nas vendas de transmissões de suas competições respinga em pessoas e empresas nobres. Para minha dessatisfaçam, um ex-presidente do Flamengo está entre os citados no esquema de favorecimento. O senhor Kleber Leite que fez das suas enquanto presidente do Flamengo, continua seu legado de afetar negativamente o clube. Na mesma mão de descaso e avareza vem as Federações Estaduais que só servem para amplificar a má gestão de um negócio bilionário. Elas hoje representam o que de pior há numa burocracia. Elas são engrenagem desnecessárias e servem a função de legitimar decisões previamente acordada da cúpula da CBF. Sua existência não é por acaso, sem elas a CBF corre um sério risco de perder o controle que ela exerce sobre os clubes de futebol do país. Os clubes de futebol, em especial os das séries A, B e C, estranhamente se curvam à um sistema que depende que eles sejam capengas para a CBF sobreviver. Os clubes têm voz e poderiam juntos peitar o sistema que apodrece nosso futebol. Mas o medo de “sanções ilusórias” faz com que os dirigentes não se atrevam a arquitetar uma liga autônoma. Sanções ilusórias sim! Pois qual empresa de comunicação, marca que presa pela lisura de seu nome e competição internacional não gostaria de ter no seu convívio uma liga que presa por negócios corretos? Trazendo a questão do futebol para mais perto dos rubro-negros. Os atuais dirigentes têm recebido uma enxurrada de críticas por conta da “aproximação” ao presidente da república. Diversas interpretações foram expressadas nas últimas semanas. É fato que o número de mortos no Brasil devido ao COVID-19 já está nos milhares e que as medidas do governo federal, estadual e municipal são no mínimo descoordenadas. Mas pondero, num momento histórico e de grande desolação econômica que todos estão enfrentando por que o Flamengo teria de ficar inerte e “no trono de um apartamento / Com a boca escancarada / Cheia de dentes / Esperando a morte chegar” (Raul Seixas)? Qual é a lógica em reprimir o sucesso em campo e fora de campo que permite o Flamengo ir além do requerido para viabilizar o condicionamento físico de seus atletas? Os mesmos críticos não têm a decência de iniciar suas colunas informando a produção e distribuição de álcool em gel, a liberação marca Flamengo para impulsionar a economia e a renda de informais e uma atualização de quantas famílias receberam cestas básicas em campanha da qual o clube está envolvido. A política brasileira tem muito chão a percorrer até se desvencilhar de apadrinhamentos e negociatas. As questões políticas brasileiras são profundamente enraizadas na “Síndrome de Adão e Eva” (Sílvia Serpa). Onde os políticos atuam com base na transferência de responsabilidade. O que dá certo eu fiz e o que dá errado foi meu oponente! Esse cotidiano disfuncional é a bússola mestre dos nossos queridos partidos políticos e seus partidários. No contexto do COVID-19, os políticos estão lutando para achar uma forma eficiente de maximizar capital político. O envolvimento dos dirigentes do Flamengo com o presidente Jair Bolsonaro não se dá por conta de ideologia política dos dirigentes. Será que se a presidência fora de ultraesquerda eles não iriam tentar a mesma aproximação? Posso ter uma opinião que os dirigentes não estão lendo o momento político do país num contexto maior do que o interesse do clube. Mas teria de ser um cego para negar o que eles estão tentando é defender o interesse do clube. Tenho convicção que os dirigentes não estão defendendo o plano de governo do presidente. O que dizer do jornalismo esportivo? É triste que uma instituição tão relevante para o dia a dia dos cidadãos brasileiros tenha se embrenhado por caminhos ideológicos sem a mínima disposição para se auto policiar. Não é questão de silenciar a inclinação política dos jornalistas e sim esperar deles um mínimo de ética jornalística. Ética que ajuda na produção de matérias com embasamento em fatos. Ética que ajuda evitar os corriqueiros achismos cheios afirmações embasadas na emoção. Segundo a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) em seu código de ética “a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente de sua natureza jurídica ... e da linha política de seus proprietários e/ou diretores … a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos.” Diante desse fato inerente ao jornalismo fica claro que alguns jornalistas estão em dissonância com a profissão que escolheram. Certamente essa incompetência não tem de ir para conta do Flamengo. Citações: Raul Seixas, ‘Ouro de Tolo’ Sílvia Serpa, pensador.com FENAJ, Código de Ética ------- Mais informações sobre o caso FIFA e propinas por Copa do Brasil Standard, FBI reveal new details over bribes for Fifa World Cup 2022 votes BBC, Fifa corruption crisis: Key questions answered Yahoo Esportes, Em gravação, Hawilla negocia propina para Teixeira, Del Nero e Marin
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AutorSergipano, andarilho, crítico e amante de um bom café. Archives
May 2020
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